SOMBRAS DE UM CRIME | FALTA BRILHO PARA O NOVO NOIR ESTRELADO POR LIAM NEESON

Algumas coisas caracterizam um filme como noir, um detetive mais esperto do que deveria ser, com um raciocínio mais rápido do que se espera, um crime instigante e inquietante, romance, ou pelo menos um quê de sensualidade e uma narrativa envolvente, vez ou outra esses elementos são acompanhados de uma imagem em preto e branco num cenário de época. Em “Sombras de Um Crime”, em que Liam Neeson interpreta Philip Marlowe, um detetive originário de uma série de livros e contos e que agora é o protagonista desse filme baseado num livro de John Banville, nenhuma dessas características essenciais para um noir satisfatório está presente.

Situado numa Los Angeles no período prévio à Segunda Guerra Mundial, o detetive Marlowe é procurado por Clare Cavendish (Diane Kruger), uma mulher com todos os traços de uma femme fatale, que contrata seus serviços para tentar encontrar Nico Peterson (François Arnaud), seu amante de moral questionável que está desaparecido. No começo da investigação Marlowe descobre que Nico foi dado como morto depois de encontrarem um corpo atropelado e identificado por sua irmã, porém sua morte é questionada e, o que parecia um caso simples à primeira vista, se prova muito mais complicado do que o esperado.

Durante sua investigação, Marlowe também se aproxima de Dorothy Quincannon (Jessica Lange), mãe de Clare e ex-atriz de cinema com um interesse exagerado pela vida da filha e pelo trabalho de Marlowe, e através delas o detetive ainda se relaciona com diversos outros membros da alta sociedade de Los Angeles, incluindo o misterioso “Embaixador”, também muito próximo de Quincannon e Clare. Essas relações vão se aproximando e ramificando durante o filme, implicando um estúdio de filmes e uma casa noturna e os mais diversos personagens.

É uma trama exageradamente complexa para um desfecho pouco interessante. Inclusive, apesar da bela fotografia, “Sombras de Um Crime” é um filme que, constantemente, passa a sensação de que tem algo faltando. Seja no enredo em si, na construção dos personagens, na ação ou até mesmo na atuação de Liam Neeson, que geralmente entrega ao menos o necessário, falta brilho e agilidade para fazer dessa uma história que se destaque dentre as centenas de noir existentes.

O que encontramos, geralmente, em filmes de investigação é um detetive com uma forte e pessoal relação com o caso investigado, ou que, por algum motivo, acaba obcecado pela situação e cria um senso de urgência e curiosidade que nos acompanha até a resolução do crime, essa é grande parte da atração, o porquê de estarem nos contando essa história específica, o motivo desse caso ser único, mas Marlowe não parece particularmente entusiasmado com nenhum aspecto do caso, nem mesmo as possibilidades de romance ou tensão sexual se desenvolvem.

Sem grandes novidades ou destaques, fica um divertido suspense policial, mas não um filme memorável.

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