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O tema holocausto já foi explorado de múltiplas formas em cinema e TV, desde minisséries, documentários e até em filmes de diretores consagrados como ‘A Lista de Schindler’ (Spielberg) e O Pianista (Polanski). O desgaste da atrocidade histórica leva um apelo tão forte quanto a escravidão dos negros nas Américas, mas francamente nada explica ‘Um Brinde À Vida’ a não ser a ligação pessoal do diretor Jean Jacques Zilbermann com o roteiro, pois Hélène (Julie Depardieu), a personagem central, é sua própria mãe, uma refugiada do campo de Auschwitz durante a soltura dos últimos presos judeus após a derrota alemã em 1945.

Todos foram entregues a sorte para andar a pé, desnutridos e torturados, doentes e maltrapilhos para a “caminhada da morte” como ficou conhecida a saída repentina do campo de extermínio mais conhecido da história. Ao invés de mostrar com riqueza de detalhes o sofrimento de sua personagem até a reconstrução de sua vida em Paris meses após, o filme nos deixa com uma morna presença da dor na aparência tímida e fisicamente desgastada de Hélène que quer reencontrar suas amigas de cárcere através de anúncios constantes de jornal.

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A falta de alguns clichês do gênero, como por exemplo, o sentido de jornada interior que a personagem tem que cruzar fazem falta para ligar o expectador com a personagem e entender a doçura da liberdade, já que o próprio título do filme ‘A La Vie’ trata de uma celebração, que vemos aqui de forma apática, completamente apagada. Entre flertes românticos caricaturais e momentos naturalistas da rotina de Hélène, a produção se perde quanto a sua proposta.

Falta ao filme certa ambição, como é recorrente em diversas obras francesas, que ao serem despretensiosas tornam-se sem personalidade e até vazias, o que mostra que o holocausto já está ficando um tema cansado. Apesar da boa fotografia e direção de arte, fica a dívida com uma história pessoal mal resolvida.

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