Voando Alto

Baseado em uma história real, ‘Voando Alto’ provavelmente vai chamar atenção de poucas pessoas nos cinemas mundiais, fazendo o público perder uma das histórias mais legais de se acompanhar na telona nesse ano de 2016. Um filme para ser visto no cinema e ser apreciado para a vida. Na história encontramos Eddie “The Eagle”, como é mundialmente conhecido, com uma história incrível, arrebatadora e visceral. O filme que nos tira um pouco do caos mundano e nos perfuma com a esperança de que é possível se acreditar na arte de sonhar. O longa-metragem lembra muito o excelente clássico ‘Jamaica Abaixo de Zero’, ainda que em comparação, o filme de 1993, ganhe de ‘Voando Alto’ pelo seu bom humor, mas o filme de 2016 vai mais longe, fazendo todos nós planarmos por uma das melhores surpresas do ano, um filme corajoso, destemido e diferente.

O diretor Dexter Fletcher pede permissão para decolar nessa história com Eddie, um garoto que sempre sonhou em se tornar um atleta olímpico. O sonho de Eddie é tão forte, que aos 9 anos de idade ele já se vê pronto para se tornar um atleta olímpico após quebrar um recorde pessoal por ficar alguns segundos debaixo d’agua. Uma ótima cena, com uma doçura incrível, que já diz muito o que estava por vir nessa história e como o personagem seria construído a seguir. Um personagem tão corajoso e envolvente, que o descobrimento das suas inabilidades não o fazem desistir do seu sonho, por mais que os colegas de Eddie e até mesmo seu pai digam o quão ruim ele é, existe algo no garoto que é mais intenso do que as críticas, o acreditar.

Voando Alto 1

Com um começo certeiro, em uma sequência de cenas acompanhadas de uma ótima trilha sonora, fazendo você se apaixonar logo de cara pela história e torcer por Eddie, somos pegos pelo nosso protagonista experimentando com um jeito amador e criativo, cada modalidade olímpica e não se adequando à nenhuma. O que não é o bastante para interromper a sede de crença que existe no garoto, sempre à procura de um esporte que possa “chamar de lar”. Esse “lar” é encontrado no salto com esqui. Esse é um filme que bate muito mais forte do que parece, é um filme que fala sobre enganos e como sempre podemos estar errados sobre algo ou alguém, por querer adivinhar ou simplesmente desmerecer um momento ou uma falta de habilidade das pessoas. Desmascarando nossos preconceitos e mostrando como gostamos de impor dificuldades a tudo e a todos, por vezes até chagamos a duvidar das chances de Eddie de realizar seu sonho, isso é bem visto e sentido no primeiro tropeço desse personagem. Como sistema habitual do ser humano, a desistência é a mão mais segura para se agarrar, mas não, Eddie nos ensina que sonhos não são realizados, sonhos são acreditados e vividos.

Vale destacar a direção de Dexter Fletcher e os roteiristas Sean Macaulay e Simon Kelton, que realizaram um ótimo trabalho. O diretor tem o seu primeiro contato com a direção e é muito bem-sucedido no que propõe, ele é seguro e mostra a história de uma forma que nunca fica cansativa ou lenta demais, sempre com um tom divertido e envolvente, o filme vai atingindo um clímax emocionante até o seu final. A ótima construção desse filme mostra como muitas vezes o cinema deveria ser, mostra o que é necessário, e tudo é para a construção de algum personagem ou justificando um ato que mais para frente vai se tornar um fato grandioso. A inclusão de Bronson Peary (o personagem de Hugh Jackman) poderia muito bem fazer o filme cair em seu ritmo, mas ao contrário, o filme não perde o seu foco e tem um agregador muito importante na vida do nosso Eddie. É um filme que vai evoluindo sem nunca pisar no freio. Metaforicamente é como um salto de esqui, você chega o mais alto que puder, tentando alcançar uma marca impressionante na aterrissagem. O filme é mesmo para aplaudir a caracterização e atuação do Taron Egerton, o estranhamento no começo do filme com o ator, é enaltecido ao decorrer da história com um trabalho muito diferente do seu papel em ‘Kingsman – Serviço Secreto’.

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Destaque merecido para a trilha, sempre com levadas nostálgicas dos anos 80, lembrando sempre um pouco de New Order com um tom meio “indie modernista”, as músicas intensificam o sentimento das cenas. O momento em que toca ‘You Make My Dreams’ do Hall and Oates e ‘Jump’ do Van Halen, são um dos pontos altos do filme.

Sem nunca perder sua essência, ‘Voando Alto’ vai se direcionando para o seu final com um terceiro ato impressionante, revelador e até mesmo esperado, porém sem perder sua originalidade. Com uma rica cena em que Eddie e o Voador Finlandês conversam no elevador, antes do salto final, é algo tão revelador e de uma beleza que só faz todos nós amarmos o filme ainda mais. Um momento em que o desastroso Eddie “The Aagle”, não está tão distante do melhor saltador de esqui de todos os tempos, o finlandês demonstra que ambos não estão lá pelos prêmios ou fama, mas pelo amor ao sonho e ao esporte, por ambos desaparecerem ao saltar e renascer ao aterrissar.

Um filme que merece nossa atenção, ‘Voando Alto’ é uma das melhores surpresas do ano até aqui, com uma história que faz com que saiamos do cinema esperançosos e pulsantes por viver e acreditar.




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