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‘Todos estamos conectados’.

Provavelmente você já assistiu a ‘O Diabo Veste Prada’ ou ‘Marley e Eu’, duas comédias que conquistaram o público com personagens carismáticos e marcantes, e que conseguiram de forma muito eficiente fazer o espectador rir e chorar na mesma medida. David Frankel, o diretor responsável por esses dois filmes, é o mesmo que nos apresenta desta vez o longa ‘Beleza Oculta’, que conta a história de Howard (Will Smith), um publicitário em Nova York que praticamente desiste de viver depois que uma tragédia acontece na sua vida. A situação chega a um ponto tão crítico que começa a afetar a vida dos seus amigos e colegas de trabalho, que armam um plano inusitado para tentar trazer o amigo de volta ao que era antes.

Há algumas semelhanças e diferenças entre esses filmes mencionados, pois enquanto os três têm momentos divertidos e emocionantes, ‘Beleza Oculta’ tem uma abordagem muito mais trágica do que os outros, tocando em temas fortes como divórcio, luto e doença de maneira muito mais intensa. No clássico cult ‘Clube da Luta’, o personagem Tyler Durden faz um excelente discurso sobre os males do ser humano contemporâneo. Algo parecido como ‘Não vivemos uma Grande Guerra ou uma Grande Depressão. Nossa Guerra é a espiritual. Nossa Depressão são nossas vidas’. Essa é uma frase extremamente poderosa e se conecta de certa forma com a mensagem de ‘Beleza Oculta’. Na sua essência, o filme nos ensina que o ser humano está sempre em busca de três coisas: buscamos o amor, desejamos mais tempo e tememos a morte. Não há nada pior do que perdermos aqueles que amamos.

‘Beleza Oculta’ conta com um elenco extremamente estelar, do calibre de Edward Norton, Kate Winslet, Keira Knightley, Naomi Harris, Helen Mirren e Michael Peña. Entre esses nomes, estão nada menos que 19 indicações ao Oscar se contarmos com o protagonista Will Smith. É claro que com todo esse talento, esperava-se um filme de qualidade altíssima, ao menos em termos de atuação. Mas é aí que entra a importância de uma boa direção e também um roteiro bem amarrado, que consiga transmitir sua mensagem com clareza. E são nesses dois últimos pontos (cruciais, infelizmente) em que o filme peca mais. ‘Beleza Oculta’ começa muito bem, estabelecendo os objetivos dramáticos dos personagens (basicamente, o drama familiar conecta todos), mas conforme a história avança a mensagem vai ficando cada vez mais com cara de ‘palestra de auto-ajuda’, podendo fazer alguns espectadores que não são muito adeptos deste tipo de discurso perderem o interesse. E sim, é inegável que próximo ao seu desfecho, perto do terceiro ato, o discurso fica um tanto simplista e algumas situações importantes começam a acontecer de maneira apressada.

A direção de Frankel também é bastante irregular. Como mencionei, o filme toca em temas trágicos e traz consigo uma carga dramática bem pesada, especialmente na vida do personagem de Will Smith – que se esforça muito para passar veracidade à difícil jornada emocional do seu personagem. Entretanto, nos momentos em que poderia se levar mais a sério, ocorrem várias situações cômicas – que apesar de arrancarem alguns sorrisos – tiram muito da ‘força’ das cenas, deixando os momentos mais comoventes um tanto ‘forçados’ e piegas. Em outras palavras, o diretor tem as peças certas, mas não sabe usá-las em favor do filme, faltando equilíbrio.

Entretanto, ‘Beleza Oculta’ também tem suas qualidades. Como de costume nos trabalhos de Frankel, esteticamente é um filme muito agradável de ver, elegante. Ele sabe também construir momentos com grande apelo estético, como a cena dos dominós no início do filme, ou seu estilo de direção com o fundo sempre desfocado, mantendo a atenção inteiramente nos atores, reforçando que as pessoas são o que realmente importa na história. A atmosfera natalina combina muito bem com a mensagem positiva que o filme quer passar, sendo uma pena estar chegando por aqui com um mês de ‘atraso’ (o ideal seria ter sido lançado no Natal). Algumas atuações também são realmente boas, como a do já citado Will Smith, além de Naomi Harris e Helen Mirren. Norton, Knightley e o jovem Jacob Lightmore entregam atuações mais leves, porém não comprometem. O desperdício mesmo vai para um talento tão grande quanto o de Kate Winslet (seu drama é de longe o pior explorado) e Michael Peña, um dos atores mais engraçados quando bem utilizado, infelizmente foi muito mal escalado e não convence.

OPINIÃO FINAL: É bom ver um filme com espírito otimista nos dias de hoje. É um filme sobre pessoas precisando de ajuda e eu – como muitas pessoas que conheço – estava precisando de ajuda no momento em que o assisti. Embora suas piadas nem sejam tão engraçadas, o espectador que embarcar na história vai conseguir se divertir e tirar do filme a boa intenção que ele quer passar. A condução dos eventos com excesso de sentimentalismo me incomodou um pouco e impediu de criar uma maior conexão emocional com os personagens, mas acredito que pelo menos para o público médio, que assiste a um filme sem a preocupação de analisa-lo passo a passo, pode ser uma agradável experiência. ‘Beleza Oculta’ não é um filme que se aprofunda em encontrar uma solução realista para seus problemas e fica aquém pelo potencial de talento que tinha à disposição, mas não chega a ser um desperdício total de tempo.

E você, já assistiu ou está ansioso para ver? Concorda ou discorda da análise? Deixe seu comentário ou crítica (educadamente) e até a próxima!




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