Exodus

A tão aguardada produção do britânico Ridley Scott deve ser avaliada de duas formas. Uma pela sua ousadia em apostar na grandeza épica que o próprio diretor ressuscitou com ‘Gladiador’ (2000), com locações nas montanhas espanholas e no clássico estúdio Pinewood, arregimentando um pequeno exército de 4000 pessoas, entre atores e extras. Claro que boa parte do hype do filme é acrescentado pelo CGI eficiente. Embora o aparente desejo de Ridley era estar na época do cinemascope com seu alargamento de proporção na tela, ‘Êxodo: Deuses e Reis’, que tem sua estreia nacional no feriado de Natal, peca em direcionar o conceito de mito. Em filmes da história recente do cinema como ‘Excalibur’ (1981) de John Boorman, ou ‘A Paixão de Cristo’ (2004) de Mel Gibson primam pela fé literal no mito, ou mesmo o revisionista Noé (2014) de Aronofsky mantêm a estética fantástica criticando a fé, a essência de seu personagem. Ridley não decide qual caminho quer tomar.

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Para os que ainda não sabem, a produção gira em torno do conflito do personagem pilar judáico-cristão Moisés (Crhistian Bale), um príncipe egípcio adotado, na verdade hebreu de nascença. Até mesmo Bale, invariavelmente perfeito, faz um inseguro Moisés, um cético nato que desafiou Deus e sua existência e o reinado escravocrata de Ramsés (Joel Edgerton), aqui mostrado de forma tímida em relação ao onipresente Charlton Heston de 1956 (‘Os Dez Mandamentos’). A falta de fervor ideológico, ou a crítica aberta torna o filme lento, ortodoxo e inchado. Como um produto de encomenda, pois a onda de filmes religiosos voltou com força em Hollywood. Ainda veremos entre eles, ‘Son of God’, sobre a vida de Jesus, ‘Mary’ (Alister Grierson) e ‘Deixados para Trás’ com Nicolas Cage.

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Quando vemos o líder messiânico e legislador das leis primordiais dos judeus subir ao monte, Deus lhe aparece como um anjo em forma de criança, a abertura do Mar Vermelho nos parece mais uma previsão de maré do que ato divino. Se a intenção era humanizar, seria melhor aumentar a dose de descrença e rebeldia, falha do roteiro elaborado a oito mãos, que também não decide se quer apresentar um filme religioso a um público laico, ou pôr conteúdo a mitologia Ocidental. Uma pena, vindo de um homem que dirigiu ‘Blade Runner’ (1982) e ‘Alien, O Oitavo Passageiro’ (1979), onde questões filosóficas e inovações estéticas andavam harmoniosamente bem.

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Um dos graves problemas de ‘Êxodo’ são os atores, não por serem ruins, muito pelo contrário, mas por serem caucasianos. Não são alguns, praticamente todos os atores possuem características tão europeias que tudo chega a ser fictício demais.
Ridley Scott fez um trabalho inacreditável na direção de ‘O Gladiador’, protagonizado por Russell Crowe. O filme ganhou o Globo de Ouro nas categorias Melhor Filme – Drama e Melhor Trilha Sonora, Crowe venceu o Oscar de Melhor Ator e claro, o filme se tornou um clássico da nova geração. O fato é, ‘Êxodo’ não chega nem perto do aclamado ganhador de prêmios protagonizado por Crowe.

Trailer do filme:

 

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