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Trágico, emocionante e intenso. Desta forma, é possível classificar ‘O Regresso’, novo longa-metragem do diretor mexicano Alejandro González Iñárritu, que traz o ator Leonardo DiCaprio no papel do explorador e caçador de peles do século XIX, Hugh Glass. O filme estreia no dia 04 de fevereiro nos Cinemas e concorre em 12 categorias do Oscar, entre elas a de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator.

O filme é inspirado em biografias de Hugh Glass, que sobreviveu ao ataque de um urso, mas foi dado como morto, abandonado por seus companheiros e enterrado na neve no meio do nada. De acordo com a biografia, Glass também parece ter se integrado bem à tribo dos índios Pawnee, tendo inclusive uma mulher e um filho, Hawk, interpretado no longa por Forrest Goodluck.

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A história de Hugh Glass gerou quatro livros e o último deles foi ‘The Revenant’, de Michael Punke, publicado em 2002. Já as biografias ‘Hugh Glass’, escrita por Bruce Bradley, e ‘The Saga of Hugh Glass: Pirate, Pawnee and Mountain Man’, escrita por John Myers Myers, possuem alguns exemplares disponíveis na internet. Glass foi um explorador estadunidense, descendente de irlandeses, e tornou-se conhecido por suas expedições — inicialmente comandadas por William Henry Ashley —, as quais chegava a percorrer cerca de 320 km.

A história de Glass também chegou a ser contada no filme ‘Fúria Selvagem’ (1971), dirigido por Richard C. Sarafian e estrelado por Richard Harris, e o romance ‘Senhor Grizzly’, de Frederick Manfred, também embeleza a história, mas nenhuma dessas obras foi tão bem construída como o filme dirigido por Iñarritu. Claro que a tecnologia favorece, mas o roteiro do filme engrandece a obra.

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Após assistir às primeiras cenas de ‘O Regresso’ é notório que o longa está bem distante do fracasso. Assim como em ‘Birdman (ou A Inesperada Virtude da Ignorância)’, o diretor mantém o estilo de filmagem, sem cortes bruscos, longas cenas e com edição caprichada. O plano de filmagem segue claro, adquirindo a constituição final na montagem. Em entrevistas, o diretor comentou que essa é a experiência mais vasta e profunda de sua vida, por conta da complexidade em filmá-lo. Nota-se claramente que a cada trabalho, Iñarritu melhora sua forma de filmar.

É importante destacar que o local onde o filme foi gravado também não era muito apropriado e mesmo tendo muitas dificuldades, o diretor conseguiu entregar um trabalho competente. O longa foi gravado há quase um ano quando foi levado às montanhas nevadas de Calgary, no Canadá, para rodar em plano-sequência, usando unicamente a luz natural. Contudo, sentindo que o gelo estava derretendo, deslocou toda sua equipe para a Patagônia, na Argentina, onde finalizou o longa. Baixas temperaturas, neve, pouca luz solar, tudo influencia no resultado do trabalho, mas não foi empecilho para que o diretor concluísse o trabalho.

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Durante as cenas, é possível observar lindas panorâmicas, principalmente das montanhas e dos animais. Também é possível observar a predominância das cores cinza e azul no filme, transmitindo toda a tristeza vivida pelo personagem e o ambiente inóspito desbravado por ele, além da melancolia, alinhada ao tom sombrio das cenas, inclusive as em que Tom Hardy atua, interpretando John Fitzgerald, o homem que abandona Glass a própria sorte.

Leonardo DiCaprio estrela o longa no papel de Glass. Com todas as dificuldades encontradas, o ator se superou na atuação. Na cena em que é atacado por um urso, a tensão e a ansiedade são muito grandes, pois os ângulos em que é filmada faz com que a sensação do ataque pareça real e chocante, projetando o espectador para dentro dela. É como se sentíssemos toda a dor do personagem em questão. Lembrando que o ator passava aproximadamente cinco horas no setor de maquiagem para que os cortes e machucados ficassem mais reais.

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Leo também passou por situações complicadas como ficar por sete horas dentro da carcaça de um cavalo sem muitas roupas, sofreu com as baixas temperaturas e rachaduras na pele, acampou na neve e fez outros sacrifícios para que sua atuação fosse convincente. O ator seguiu à risca o que o diretor lhe pediu e sua atuação foi incrivelmente detalhada, com movimentos sempre muito precisos. Ele foi capaz de criar algo palpável e real, uma realidade onde o espectador é como um pássaro no meio da ação, da natureza.

O ator Tom Hardy também mostrou sua competência nesse longa, tanto que foi indicado ao Oscar na categoria Melhor Ator Coadjuvante. Seu personagem, John Fitzgerald, é um homem frio, individualista e muito cruel. Hardy, com seu jeito britânico, dá vida ao personagem de forma coerente e nada exagerada. Assim como outras atuações, o ator se dedica e mostra sua competência.

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No terceiro ato do filme, é que a história realmente toma força. As cenas finais entre Glass e Fitzgerald surpreendem e favorecem ainda mais o longa. Em algum momento, pode parecer que há uma estagnação no desenrolar da trama, mas rapidamente o diretor se encarrega de acrescentar uma cena tensa para despertar a curiosidade do espectador.

‘O Regresso’ é um filme que também aborda os laços familiares, explícito na relação do personagem Hugh Glass com seu filho. O amor, o cuidado e a atenção com que o personagem trata o garoto é comovente. Além disso, é um filme que contagia e cativa do início ao fim. Não deixe de conferir!

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