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“Uuuuh! Chatice. Tem que ser muito idiota para pagar para ver no cinema algo que se pode ver de graça na TV!”. É com essa frase que o patético Homer Simpson abre ‘Os Simpsons – O Filme’. Mesmo sendo um sujeito desprovido de inteligência, dessa vez, o público tem que concordar com ele. Foi com a alienação de seu fiel público que a novela ‘Os Dez Mandamentos’ teria que, a todo custo, virar a maior bilheteria da história do cinema brasileiro. A acirrada corrida para que isso viesse acontecer, contou com uma campanha de marketing com direito a que uma pessoa do estado pernambucano comprasse cerca de vinte e dois mil ingressos (isso mesmo, mas com certeza o desespero para chegar a cerca de um milhão, foi tão absurda que acabou sendo noticiada com a mesma rapidez que o apelo de seus interessados). É certo também que você conheça alguém que não goste de filme nacional, que agora terá mais um motivo para não gostar do nosso cinema, depois dessa patética tentativa de torná-lo um “sucesso” estrondoso, como também deve conhecer alguém que fez questão de conferi-lo no cinema.

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Mas é nítido que uma emissora cheia de demagogias que possivelmente não entenda nada de produção cinematográfica defeque nas telas dos cinemas nacionais, com sua preguiçosa empreitada, ignorando o fato de que excelentes filmes como

‘Que Horas Ela Volta?’

por exemplo, eram os que mereciam realmente arrastar multidões, já que se tratam de algo realmente de qualidade.

A conhecida história de Moisés que foi criado pela família do Faraó e abriu o Mar Vermelho, já foi levada por pelo ao menos cinco vezes ao cinema (a melhor e mais conhecida versão, foi ‘Os Dez Mandamentos’ de Cecil B. DeMille de 1956) e esta manipuladora e fraca versão não faz sequer qualquer referência ao gênero épico. Mas, esse relato bíblico foi levado em formato novelístico com direito a personagens que não existem na Bíblia (para prolongar, já que se trata de uma novela), como também fatos não relatados. O resultado? Ganhou notoriedade por ser uma programação que pôde ser assistida por toda a família (esta era a verdadeira intenção em mostrar para uma certa emissora como se conquista espectadores: respeitando a família brasileira).

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Mal haviam se passado dois meses e veio logo o anúncio de um longa-metragem “baseado na novela”. Mas, o espectador vai ao cinema ciente de que, não se trata na verdade de um longa, mas sim de uma novela de sete meses resumida em quase duas horas de tédio e aborrecimento. Levando em consideração que não houve cabine de estreia para a imprensa, jornalistas e críticos já previam o que se podia esperar dele. Talvez, o folhetim que nem se quer é digno de se chamar de roteiro (nem mesmo fazendo piada dele) não desenvolve o conflito entre seus protagonistas, que é sacrificado em prol da tão esperada cena da abertura do Mar Vermelho – muito ruim, diga-se de passagem – e incapaz de transmitir qualquer emoção. Qual seria a reação normal de uma pessoa de bom senso diante deste pesadelo? Simples: Orar para que nunca mais a emissora do excelentíssimo Edir Macedo, venha a fazer algo semelhante. Mas, como tudo é movido pelo dinheiro e não pela fé, talvez isso volte a acontecer pois é ele quem fala mais alto.




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