Um breve retrato sobre Roman Polanski

Imagine que seu filho chega em casa com a cara toda desfigurada. Ele não quer falar quem fez isso, mas você insiste e ele acaba confessando: um colega da escola. Você controla seus impulsos mais imediatos, toma chá de camomila, reflete, e decide resolver a questão na maior civilidade. Convida os pais do menino agressor pra sua casa para que possam resolver as questões legais de quem irá pagar pelos dentes da sua cria. Mas, o que era para ser uma bandeira branca oficial, passa a se tornar uma disputa entre você e os pais da criança marginal. Afinal de contas, de que adianta o filho deles pedir desculpas forçadamente e voltar a cometer o mesmo crime em parques por aí com outras crianças?

Essa é a historia em “Deus da Carnificina”, filme dirigido por Roman Polanski e estrelado por Kate Winslet, Jodie Foster, Christoph Waltz e John C. Reilly. Durante todo o longa ficamos apenas em um apartamento com os quatro atores, e a situação interpretada por eles causa tanto desconforto que é difícil assistir ao filme inteiro sem se exaltar.

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Roman Polanski, que completa 83 anos neste mês, teve sua vida marcada por diversos infortúnios. Logo na infância, seus pais foram enviados para um campo de concentração. Apenas seu pai sobreviveu. Sua segunda esposa fora assassinada em 1969. Em 1977, numa sessão de fotos que fazia para a revista “Vogue”, Polanski ofereceu a uma modelo e atriz uma droga sedativa e champanhe. O problema? Ela tinha apenas 13 anos. A relação sexual que viria a seguir rendeu ao diretor a condenação por estupro nos Estados Unidos, o que o levou a se exilar na França.

imagem 2Samantha Geimer durante as sessões de fotos com Roman Polanski em 1977

Nascido em 1933, em Paris, Polanski é o diretor mais célebre da Europa. Seus filmes são marcados por grandes suspenses psicológicos e alto grau de teor sexual. Sua mulher, Emmanuelle Seigner, protagonizou seu último longa “Vênus das Peles”, filme que é uma adaptação de uma obra teatral baseada no romance de Leopold von Sacher-Masoch. Este longa, assim como “Deus da Carnificina”, se passa em um só local, e narra a historia de uma atriz que precisa provar para o escritor de uma peça que ela não é só um rostinho bonito e esta apta a assumir o papel na produção. Aqui, novamente, a relação dos dois se desenvolve da civilidade para os instintos carnais, e Polanski mostra que sabe dominar muito bem as tensões vivadas pelos atores em cena, administrando as cenas num crescente até que a situação se mostre irreversível.

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Outros títulos obrigatórios do diretor incluem “Tess”, “Bebê de Rosemary”, “O pianista” e “Chinatown”.

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