Ainda com estréia imprevista para o Brasil, o documentário Milius de 2013 aborda a figura polêmica de um dos mais míticos realizadores da ‘New Hollywood’, uma espécie de modelo da rebeldia que inspirou todos os cineastas que viriam após ele, e que como tal tinham um profundo conhecimento acadêmico de cinema. Isto era uma novidade nos anos 1970, já que os cineastas de então eram artesões da prática, que como John Ford, eram funcionários dos estúdios.

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A vontade de transgressão estava em alta, e John Frederick Milius representava esta vontade de fazer a diferença. Mas porque não conhecemos tanto suas obras? Seu filme mais celebrado é ‘Conan-O Bárbaro’de 1982, mas seu maior feito foi escrever o roteiro do inesquecível ‘Apocalypse Now’(1979), que assim como o filme que catapultou a carreira de Schwarzenegger, tinha um tom épico.

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Não por acaso a própria vida do diretor/roteirista era espelho de suas aspirações. Colecionador de armas, auto-entitulado um anarquista zen, Milius vivia como um rockstar que tinha alma de militar. Também roteirizou o polêmico ‘Dirty Harry’(1971) que tinha as características de um justiceiro reacionário que resolvia a violência das ruas com sua Magnum 44, e também repaginou a carreira de Eastwood para uma época onde o flower power dos anos 60 estava em falência.

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Entre suas direções mais importantes está a aventura ‘O Vento e o Leão’(1975) com Sean Connery e John Huston que marcou assim como ‘Conan’ por seu tema central na trilha aqui orquestrada por Jerry Goldsmith, e como a linha de melodia do épico do bárbaro escrita por Basil Poledouris, deu a marca de suas produções viscerais e urgentes.

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Suas maiores influências cinematográficas foram David Lean (Lawrence da Arábia) e John Ford (Rastros de Ódio). Talvez por isso a transgressão que ele tanto ostentava só ficou em sua vida privada, pois sua assinatura na direção era clássica. Coisa que o deixou a sombra de seus amigos Scorsese e Coppola que tinham algo novo a oferecer a Hollywood cansada dos musicais e filmes religiosos.

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Mas tudo isto não deixa sua carreira livre de nossa curiosidade cinéfila que procura sempre por uma experiência acima de qualquer outra pretensão. Agora é só aguardar o documentário.

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