MATE-ME POR FAVOR

Estreando seu primeiro longa, Anita Rocha da Silveira centraliza os adolescentes em um filme com cara de referências de produções hollywoodianas onde um assassino em série aterroriza uma certa localidade (em ‘Mate-me Por Favor’ não parece assustar muito já que não se vê adolescentes virgens e amedrontadas ou paranoicas nem tem clima de suspense). Mesmo contendo clichês e com uma “vibe” de “coisa feita por amador” (como a cena inicial mostrando o primeiro assassinato), mas desperta uma certa curiosidade e com elementos o suficiente para atrair o público.

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Produzido por Vania Catani da Produtora Bananeira, ‘Mate-me Por Favor’ venceu o 72º Festival de Veneza em 2015. Este é um grande passo para todos os envolvidos no projeto no qual a maior parte é de estreantes que vão desde a diretora, passando pela equipe técnica (figurino, direção de arte, fotografia, edição) e o elenco -com exceção de Bernardo Marinho que embora seja um rosto não tão conhecido aqui no Brasil, já atuou em “Educação Sentimental”.

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Bia (a fofa e graciosa Valentina Herszage) é uma adolescente de 15 anos que tem sua rotina afetada com a notícia de uma morte no bairro onde mora, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Depois, segue-se uma onda de assassinatos e a ninfeta não se apavora. Ao invés do medo, o que aflora mesmo nela, é a curiosidade e uma obsessão pelas vítimas. Como toda garota de sua idade, tem amigas e uma vida monótona escolar. Mas, com ausência da mãe que vive viajando com o namorado e um irmão de 25 anos (o único adulto que aparece e contracena durante todo o filme), um sujeito esquisito que vive navegando na internet. Após ver de perto a morte de uma garota, Bia além de querer saber mais sobre os mortos quer se certificar de que está viva.

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O universo “teen” é bastante explorado, de maneira com que o público adulto também aprecie. Quem espera um suspense de tirar o fôlego, esqueça por que o roteiro embora inverossímil (que é o que menos importa num filme de gênero suspense) é bem constituído. O que o torna talvez próximo do real, é um relato mencionado sobre o assassinato da atriz Daniela Perez, filha da autora novelística Glória Perez que também foi morta na Barra da Tijuca em 1992. O caso da atriz foi inspiração para o roteiro porque a morte de Daniela marcou a infância de Anita.

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Mas, este divertimento juvenil (e moderno) é limitado por alguns enquadramentos que o atribui um estilo único: o de “terror-comédia-dramática-adolescente”. Mesmo se tratando de um suspense rende algumas risadas e seus momentos dramáticos são apresentados na dosagem certa. Porém, em torno da maneira delicada como é tratado o tema, Silveira coloca diversos personagens complementares em seu destaque merecido. Salpicado de momentos contundentes (que foca na psicologia e no comportamento de sua protagonista) torna-se por vezes morno, um retrato sobre o medo feminino em ser a próxima vítima. Mas, apesar da história superficial é um feliz resultado e por também sua violência não ser explícita.

 

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