“O Telefone Preto”: Thriller desperdiça ótimo elenco com trama mediano

Scott Derrickson é conhecido por dirigir grandes filmes como o sucesso da Marvel, “Doutor Estranho” (2016), e filmes de terror como “O Exorcismo de Emily Rose” (2005) e “A Entidade”, esse considerado um dos melhores do gênero.

E nesta quinta-feira (21), o diretor retorna aos cinemas com o suspense “O Telefone Preto”, que é baseado no conto de Joe Hill, filho de Stephen King. O filme é ambientado em 1978 no estado do Colorado, nos EUA, onde um garoto chamado Finney Shaw (Mason Thames), é raptado por um assassino de crianças. Ele é trancado numa cave à prova de som, onde ele começa a receber chamadas num telefone preto das vítimas anteriores do assassino.

O longa traz mais uma parceria de Derrickson com o ator Ethan Hawke, que interpreta o vilão, conhecido como o Sequestrador. A dupla que já trabalhou juntos no elogiado terror, “A Entidade”, mostra mais uma vez, como funciona a dinâmica de direção e atuação entre os dois. Hawke consegue causar medo quando aparece em cena, o uso da máscara é um grande acerto, pois o personagem sempre troca a parte debaixo da máscara dependendo da mudança de seu temperamento, o que auxilia para a sua figura violenta e assassina.

Vale destacar a interpretação da atriz mirim Madeleine McGraw como Gwen, a irmã de Finney. A atriz rouba as cenas em que aparece, seja em momentos de descontração ou dramáticos, ela entrega muita verdade e camadas para a personagem.

O filme relembra produções como “IT – A Coisa” e até “Stranger Things”, por ser um thriller com crianças e passar a nostalgia dos anos 1970/80. A diferença é que o longa mostra um lado mais sombrio dessa época, onde a violência não é só feita pelo “O Sequestrador”, mas também em brigas de escola ou até em casa com um pai abusivo, que bate nas crianças. Essas cenas de violência podem chocar o espectador, por serem tão realistas do que qualquer outro filme com enredos similares.

Com todo esse potencial, o longa tinha tudo para ser um dos melhores do ano, mas acaba se perdendo em sua própria narrativa ao entregar um roteiro que se limita nas informações sobre a repercussão dos casos, as subtramas da família de Finney e até mesmo sobre a história do “Sequestrador”, que não é aprofundada.

A ideia do longa de misturar um história de serial killer e sobrenatural, onde suas vítimas se tornam figuras importantes para ajudar Finney a escapar, é interessante por entregar algo diferente para o gênero de terror, onde o espírito não é o mau. Mas o resultado final é mediano, sem muita ação ou grandes momentos, que beiram a fórmula clichê.

A produção pode decepcionar os espectadores que esperam por um filme assustador, pois são poucos os momentos de terror e jumpscare. A trama escolhe o caminho do mistério e brinca mais com jogos psicológicos do assassino.

Essa falta de aprofundamento na narrativa, principalmente, sobre o antagonista de “O Telefone Preto”, pode ser uma justificativa do estúdio Blumhouse de ter planos para uma sequência que conte a origem do serial killer. Mas se não for o caso, o filme infelizmente perde a oportunidade de apresentar um grande vilão.

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