SONIC 2: O FILME | SEM MUITO BRILHO E FIEL AO GAME, SEQUÊNCIA DIVERTE, MAS NÃO IMPRESSIONA

Adaptar videogames para a telona continua sendo um dos maiores desafios do mundo do cinema, e mesmo com os pouquíssimos (bem pouco mesmo) sucessos, as tentativas continuam acontecendo. A primeira adaptação de Sonic chegou aos cinemas em 2020 e apesar de não ter sido exatamente um hit de críticas ou de bilheteria, fez barulho suficiente para garantir uma sequência (e certamente vai virar uma trilogia) que consegue superar o filme anterior, mas ainda não traz uma identidade própria para a franquia.

Começando de onde o primeiro filme parou, temos Jim Carrey reprisando seu papel de Dr. Robotnik (ou Doutor Eggman), preso num planeta de cogumelos de onde tenta incansavelmente escapar. Uma de suas tentativas acaba resultando na chegada de Knuckles, um equidna alienígena que tem como missão encontrar a Esmeralda Mestra e vendo a força superior de Knuckles, Dr. Robotnik sugere que eles juntem suas forças para conseguir a Esmeralda e eliminar Sonic no caminho.

Já no planeta Terra, Sonic continua vivendo com seus amigos humanos Tom (James Marsden) e Maddie (Tika Sumpter), enquanto tenta ser super-herói para sua comunidade, mas sem muito sucesso. Quando Tom e Maddie viajam para o Havaí para o casamento da irmã de Maddie, Sonic fica sozinho em casa e Robotnik vê a situação como uma oportunidade para capturar o porco-espinho de uma vez por todas, mas Sonic não está completamente só. Enquanto fugia de Robotnik e Knuckles, recebe a companhia de Tails, uma raposa de dois rabos e extremamente tecnológica que vai atrás de Sonic por admirar seus poderes. Os dois logo se tornam amigos e juntos enfrentam os “vilões”.

Uma coisa que ninguém pode dizer é que Sonic 2 não é fiel ao game, muito pelo contrário, às vezes a impressão é de que Sonic se atém aos jogos até demais, impedindo que o personagem tenha uma identidade própria nos filmes. As cenas de ação são interessantes, mas não chegam a passar a emoção do jogo, com exceção do “desafio” final que Sonic e Tails enfrentam e que realmente lembra um nível difícil do game. Os novos personagens dão um toque de novidade para o filme que, sem eles, poderia ser ainda menos autêntico, com destaque para Knuckles, que consegue arrancar algumas boas risadas com seu jeito sério e mal-humorado. No entanto, assim como no primeiro filme, quem rouba a cena é Jim Carrey, é visível o quanto ele se diverte dando vida ao exagerado Robotnik e, consequentemente, ao filme. Será um problema para a franquia se o ator de fato se aposentar, como anunciou.

O terceiro ato do filme, que acontece tarde demais (são 2 horas de filme e muitos desses minutos não são exatamente necessários), leva todos os personagens a se juntarem a Tom e Maddie no Havaí sob um pretexto mirabolante e nada convencível, mas Rachel (Natasha Rothwell), a irmã de Maddie, tem boas cenas de humor com seu noivo Randall (Shemar Moore), ainda que não faça sentido. No final das contas, quando olhamos além das piadas nem sempre boas, do personagem principal não tão complexo e do roteiro raso, ainda fica clara a mensagem que o filme quer passar sobre o poder da amizade.

Sonic 2 – O Filme pode não ser uma boa pedida para quem não é fã do ouriço ou não está acompanhando uma criança, mas a primeira coisa que meu afilhado de 4 anos (e o maior fã de Sonic que eu conheço) falou quando terminou de assistir foi “gostei muito desse filme”, então para os fãs do game ou crianças com menos de 10 anos, vale a ida ao cinema.

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