“The Batman” ressignifica o heroísmo do personagem

Um dos heróis mais amados do mundo, o Batman, volta aos cinemas nesta quinta-feira (3), com uma história mais profunda sobre a trajetória de Bruce Wayne, que há dois anos virou o vigilante da cidade de Gotham em busca de vingança e justiça. 

“The Batman” (2022) é dirigido por Matt Reeves, estrelando Robert Pattinson no papel do cavaleiro das trevas. Além disso, também conta com Zöe Kravitz como Mulher-Gato, Paul Dano como Charada, Jeffrey Wright como Jim Gordon e Colin Farrell (irreconhecível) no papel do Pinguim. 

O filme segue um estilo noir em vários aspectos, retrata a cidade de Gotham decadente e chuvosa, onde a fotografia é mergulhada nas sombras. Como também na narrativa investigativa e sombria, que lembram os filmes sobre serial killers, como “Seven” (1994), “Taxi Driver” (1976) e “Zodíaco” (2007).

Matt Reeves demonstra ter seguido influências desses grandes diretores de filmes de crime, como Martin Scorsese e David Fincher, mas também transmite a mesma atmosfera do legado que Christopher Nolan com a trilogia de “Cavaleiro das Trevas”, que deixaram as histórias do Batman mais sombrias e dramáticas para o cinema. 

A diferença é que Reeves cria um Bruce Wayne mais recluso e menos playboy. Um homem que ainda luta contra seus medos e perdas do passado, mergulhado na depressão, e com apenas o objetivo de buscar vingança ao vestir o uniforme preto e perambular por Gotham atrás de criminosos. A escolha de Robert Pattinson para esse Bruce é perfeita, pois o ator tem experiências em papéis de personagens com pensamentos ambíguos e cicatrizes do passado, como em “Cosmópolis” (2012) e “O Farol” (2019). 

O ator transita por mudanças de comportamento do personagem ao decorrer do filme, conseguindo construir camadas mais profundas e complexas. Quando ele aparece como Batman, é uma figura forte e dominante, que consegue causar o efeito de medo e superioridade. Mas quando aparece sem o traje, apenas como Bruce, a figura muda para um pessoa mais fragilizada.

Outros destaques são Paul Dano como Charada, que traz uma psicopatia absurda para o vilão, e claro, Zöe Kravitz como Mulher-Gato, que mesmo entregando a personagem menos femme fatale e mais emocional, faz uma Seline incrivel por mostrá-la como uma mulher forte, feminista e sobrevivente. Além de sua química com Pattinson ser eletrizante, que já começa na primeira cena da dupla em que apenas trocam olhares. 

O filme tem uma duração excessiva de quase 3 horas, onde alguns conflitos da trama parecem descartáveis, mas por outro lado, ajudou a construir a história do protagonista. Com cenas de ação na medida certa, sendo a perseguição de carro  com o Pinguim a principal, o filme segue para um combate mais mental, principalmente, pelos jogos psicológicos que Charada cria para Batman, o que acaba conectando ideias entre a história de vida dos dois personagens. 

Essa dualidade enriquece a narrativa, pois “The Batman” é um filme de amadurecimento. O personagem sofre transformações e muda os seus valores morais e políticos, ressignificando o seu papel como herói e também como pessoa, compreendendo que precisa olhar para o agora e não mais para o seu passado vingativo.

A DC acerta ao trazer todas essas questões mais profundas do personagem e um ótimo trabalho na parte técnica cinematográfica. Além disso, consagra o ator Robert Pattinson como uma das melhores interpretações do Batman.

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